Carolina Beatriz Ângelo, nascida em 1879 na Guarda, foi uma figura incontornável na luta pelos direitos das mulheres em Portugal. Formada em Medicina, foi pioneira ao realizar a primeira cirurgia por uma mulher no país, acontecimento ocorrido no Hospital de São José, e ao reivindicar o direito de voto feminino.
Viúva e mãe, Carolina tornou-se chefe de família, o que, segundo o Código Eleitoral de 1911, lhe permitia votar. A lei, na altura, destinava-se implicitamente a eleitores masculinos, mas não excluía explicitamente as mulheres. Carolina aproveitou este lapso e, após ver o seu pedido de recenseamento negado pelas autoridades, recorreu à justiça, que lhe deu razão.
Em 28 de maio de 1911, Carolina Beatriz Ângelo tornou-se a primeira mulher a votar em Portugal
Assim, em 28 de maio de 1911, Carolina Beatriz Ângelo tornou-se a primeira mulher a votar em Portugal, nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte.
O seu ato corajoso ecoou na imprensa nacional e internacional, num tempo em que o sufrágio feminino era uma realidade apenas na Finlândia. Carolina faleceu pouco depois, em outubro de 1911, sem testemunhar as conquistas femininas que se seguiriam. Em 1913, o novo código eleitoral restringiria novamente o voto aos homens, e o sufrágio feminino pleno só seria conquistado após o 25 de Abril de 1974.
Carolina Beatriz Ângelo é lembrada como um símbolo de resistência e progresso, cuja determinação abriu caminho para as gerações seguintes de mulheres em Portugal.
Fonte: Assembleia da República