Gisèle Pélicot

Gisèle Pélicot era drogada pelo marido para ser violada por 50 homens

Gisèle Pélicot, uma reformada francesa de 72 anos, é a vítima central de um caso de abuso sexual que está a chocar França. Drogada e violada por estranhos durante uma década, sob o comando do seu marido Dominique Pélicot, Gisèle está agora a testemunhar publicamente contra os 51 homens acusados destes crimes hediondos, no julgamento que decorre no tribunal de Avignon, no sul de França.

Dominique, que usava um forte ansiolítico para incapacitar a mulher, contactava os agressores através de uma aplicação de encontros, coco.fr, agora desativada.

Gisèle insistui num julgamento de porta aberta e deixa-se fotografar, como mensagem a outras mulheres vítimas de abusos.

“A vergonha tem de ficar do lado de lá” – Gisèle Pélicot

O julgamento, que começou no dia 2 de setembro e se prolongará até dezembro, traz à luz anos de abusos sistemáticos. A maioria dos réus alega ter acreditado que estava a participar nas fantasias do casal, mas o marido admitiu que todos sabiam que Gisèle estava drogada e incapaz de consentir.

Dominique documentava as violações em mais de 20 mil fotos e vídeos, classificados num disco rígido sob a pasta “abusos”, que foi crucial para a identificação dos agressores.

A investigação, liderada pelo comissário Jérémie Bosse Platière, identificou 92 casos de violação desde 2011, altura em que o casal vivia em Paris, intensificando-se após a mudança para Mazan, em 2013, até à descoberta dos crimes em 2020.

A polícia descobriu os abusos quando Dominique foi apanhado a filmar mulheres num supermercado, o que levou a uma busca no seu computador e à revelação das violações orquestradas.

Gisèle, que nunca teve memória dos abusos devido à droga administrada pelo marido, insistiu que o julgamento fosse público. Segundo o seu advogado, Stéphane Babonneau, a vítima não acredita que tenha de se esconder, defendendo que “a vergonha deve mudar de lado”. Apesar da dificuldade emocional de reviver estes momentos horríveis, Gisèle mantém-se firme com o apoio dos seus três filhos, que também têm sido peças-chave neste processo judicial.

Os 51 acusados, entre os quais homens de várias profissões, como bombeiros, jornalistas e enfermeiros, enfrentam penas que podem chegar a 20 anos de prisão, caso sejam considerados culpados.

Fonte: France Press